Há diversas explicações para a falta de produtividade dos portugueses e do País em geral nestes anos de efervescência. Felizmente existem bons exemplos e excepções que se desviam desta realidade, no entanto, esses mesmos, não impedem que o nosso arrastar para a cauda da Europa se torne cada vez mais numa certeza.
Não é possível determinar de repente exaustivamente, todas as causas desta situação, penso no entanto que algumas delas estão relacionadas com o comportamento do trabalhador português típico, que por vezes contém algumas destas características:
- “Deslumbramento saloio” - capacidade de uma pessoa achar que tudo o que é novo é bom, e tudo o que existe está mal feito, consequentemente dever-se-á alterar todo o pré-definido e fazer tudo de novo de maneira diferente. A consequência directa desta mentalidade é o de voltar a cair em erros já em desuso, e perder tempo e dinheiro com experiências inócuas.
- “Chico-espertice”, - qualidade de uma pessoa se considerar melhor que os outros, seguindo o lema “nós somos muito bons e os outros todos são parvos”, consequentemente o que interessa é sacar o máximo possível, e aldrabar tudo hoje porque amanhã não se sabe se cá estamos… Consequências …. (nem é preciso descrevê-las…)
- “Umbiguismo” e “Auto-Promoção” é o que eu intitulo a necessidade explícita de “mostrar serviço” no trabalho. Não interessa o resultado final para a empresa ou serviço, desde que o próprio funcionário saia brilhando. Exemplo disto é a procura e invenção constante de actividades paralelas ao trabalho fundamental, que só provocam uma genérica falta de produtividade e estimulo no trabalho basilar, com único objectivo de auto - beneficiação pessoal.
Imaginem os efeitos destes atributos simultâneamente, na produtividade normal de uma pequena empresa…
Enfim, e estas extraordinárias e excepcionais “qualidades” não se detectam infelizmente, apenas no simples funcionário comum, ou vulgar trabalhador, porque se assim fosse, mais facilmente seriam corrigíveis. O grande problema da situação vigente, é que estas características descortinam-se transversalmente em dirigentes, chefes, directores, políticos, governantes, etc … (E não é preciso procurar muito para descobri-los…) O que torna a situação bem mais interessante…
Claro que existem outros factores ou intituladas “qualidades” do trabalhador português típico que não foram enumeradas, e que por ventura não promovem menos a referida tendência para instalação terminal no caudal Europeu.
Pela importância do assunto (será?) penso voltar a este tema, assim que me ocorrerem outras características comportamentais determinantes …
E também, já agora, se estiverem interessados… agradeço antecipadamente qualquer contribuição sobre o assunto que me queiram transmitir…
10 comentários:
Em igualdade técnica com o factor "chico-espertice" está uma outra explicação para a falta de produtividade dos portugueses: a "preguicite aguda"!!!!!
Sem dúvida que são esses "atributos" que nos deixam na cauda da Europa, mas temos que assacar as culpas aos dirigentes e empresários mal preparados e mal formados.
Com bons dirigentes os portugueses já deram provas de serem dos melhores trabalhadores da Europa. Das vezes que fui a França, mesmo nos Alpes alguém tinha sempre um português para me apresentar como um óptimo trabalhador.
Agora a nossa classe empresarial e dirigente, deixa muito a desejar. Só pensam em rendimentos chorudos, "alcavalas" extra, para poderem "arrecadar" mais uns patacos livres de impostos, carro e combustível à descrição e depois, quando a crise aperta, fecha-se a empresa e vive-se dos rendimentos.
Tenho um exemplo do que que deve ser um empresário mesmo em frente da minha porta (onde trabalha a minha mulher desde os 14 anos e trabalhou a minha sogra até se reformar).
Uma pequena empresa de confecções impermeáveis (mais concretamente os impermeáveis que aparecem nos programas sobre a pesca do caranguejo do Alaska) com 35 anos, que atravessou incólume todas as crises desde o 25 de Abril, sem nunca faltar ou atrasar os salários. A lógica é investir em desenvolvimento e maquinaria sempre à altura das necessidades, não ter dividas aos fornecedores e poupar nas épocas de fartura para sobreviver às crises.
Na crise que atravessamos, para não fugir à regra, toda a gente tem salário garantido e até as trabalhadoras independente que trabalham com a firma têm trabalhado para stock, porque quando a crise acabar a empresa vai precisar do pessoal a quem deu formação ao longo de muitos anos. Não se pode desperdiçar mão de obra especializada e depois voltar a ensinar tudo de novo.
Rescisões de contrato, só negociados e com pessoas a quem o subsídio de desemprego vá durar até atingirem a idade da reforma. Portanto tudo amigável e com toda a transparência.
Como é possível uma coisa destas em Portugal?
Simples: o empresário é sueco, dono de uma empresa familiar com 75 anos, na Suécia e nenhum dos dirigentes portugueses tem qualquer incumbência na carteira de clientes, que depende da empresa-mãe.
Manter os portugueses longe dos postos decisórios, parece ter dado bom resultado.
São chefes... mas pouco.
Esqueci-me de dizer que é uma das poucas empresas do ramo dos têxteis com salários acima do contrato nacional.
Eu continuo a achar que o nosso problema foi o local onde D.Afonso Henriques decidiu fundar isto.
Bloguótico
Certamente a preguicite aguda é um factor também importante. A analisar em breve sem duvida ...
Galo
Obrigado pela contribuição escrita.
Valiosa sem duvida...
Amorfo De Melo
Realmente o clima e a vista para o mar também têm a sua relevância...
gostei de atentar nos atributos que apresentaste e resta-me assinar por baixo
um beijo
Os tugas gostam muito de criticar... mas ajudar a melhor? Tá quieto!
Eu sempre me espanto com vocês, portugueses! Do lado de cá nunca conheci um português que não fosse um modelo de trabalhador, de empresário, de empreendedor. Normalmente de visão de futuro certeira, objetivos concretos e determinação.
E não é porque esteja comparando com brasileiros, mas por ser uma característica típica.
Enviar um comentário